sábado, 14 de fevereiro de 2009

Será que a nossa escola é digital?

Esta é a Era digital. Com a chegada do PTE é altura de nos preparamos para uma escola digital. A sua escola é digital?
Nesta aula aprendemos como analisar um problema. Em grupo decidimos tentar criar uma estratégia que nos permita responder a esta questão ,estratégia essa que nos permite delinear quais os passos que deveremos dar de modo a caminharmos no sentido de responder também a outras questões que se nos poderão colocar num futuro próximo...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

sábado, 25 de outubro de 2008

PTE Sob uma óptica tradicional

“O PTE tornará a Escola num espaço de interactividade e de partilha de conhecimento sem barreiras, certificará as competências TIC de professores, alunos e funcionários e preparará as nossas crianças e jovens para a sociedade do conhecimento.”

“A ambição do PTE é a de colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados em matéria de modernização tecnológica das escolas até 2010.”



Os objectivos são louváveis e a ambição é grande mas será que basta para trazer o sucesso escolar aos alunos e o respeito à entidade escolar?

Olhando agora para o Plano Tecnológico da Educação e tendo lido o texto recomendado parece-me que há aqui um grande ênfase na perspectiva económica característica de teorias tradicionais do currículo, como a de Bobbit, Onde a escola é vista como uma indústria que produz alunos capazes de se inserir no mercado de trabalho. Mas se descurarmos os conteúdos. Mas também se está a valorizar mais a transmissão de saber do que os saberes em si, característica de uma teoria mais crítica, como a de Bernstein. Do ponto de vista de um educador tradicional, sou da opinião da Guida, em como ainda falta qualquer coisa no nosso currículo que permita uma fundamentação teórica dos conhecimentos, para então se puderem utilizar as TIC para além de um motor motivador e mais como a tal fonte rápida e eficaz de conhecimentos.

Após esta breve reflexão e uma observação cuidada do PTE passo então a enumerar os aspectos positivos e negativos deste plano:

- Louvo todo o eixo tecnológico, em especial a criação do cartão da escola. Acho que esta é uma medida inteligente que para além de evitar roubos é uma boa medida para que os alunos aprendam a gerir de forma eficaz o dinheiro com a ajuda e supervisão dos pais. Algo simples, que pode até fazer parte de um currículo oculto, mas essencial para a sua vida futura enquanto cidadãos independentes.

- Louvo o eixo dos conteúdos em especial a criação do Portal da Escola que além de facilitar o acesso aos diversos recursos disponibilizados nas diferentes disciplinas vai ser também um espaço de ensino-aprendizagem onde se podem trocar ideias e partilhar informação que de outro modo não seria possível no tempo destinado à sala de aula.

- Tanto a nível de tecnologias como conteúdos penso que este plano, ao englobar todas as escolas, está a dar acesso a meios que de outro modo muitos miúdos nunca conseguiriam aceder.

Mas como em tudo o que é novo há sempre falhas:

- A falta de infra-estruturas para incorporar quadros interactivos, computadores por cada dois alunos, etc., em sala de aula (como a falta de tomadas (que já referiram), a falta de espaço que muitas vezes obriga a uma má disposição dos alunos nas salas de aula).

- Todo o eixo de formação deste plano está a ser negligenciado para além de nem sequer mencionar as TIC na formação inicial de professores penso também que falta pensar melhor na avaliação (parte integrante de um currículo da perspectiva tradicional) feita a partir do uso destas novas tecnologias. Se há uma valorização dos recursos em detrimento dos conteúdos fundamentais, os alunos vão ter acesso a uma informação excessiva, serão necessários filtros dessa informação e será o professor que terá de adoptar esse papel, mas como, se não tiver formação para tal? Não será por acaso que na grelha dos objectivos para 2010 não se encontram dados publicados da percentagem de professores com formação, desde 2006…

- Por fim, coloco-me também a questão de se esta utilização excessiva dos computadores não terá alguns efeitos perversos, não só a nível de saúde como a níveis sociais…

O que é para mim o currículo?

Quando ouço a palavra currículo ocorre-me falar do meu currículo pessoal, um documento que contém informações sobre mim, os meus conhecimentos académicos, a minha carreira profissional, a minha experiência, ou até trabalhos feitos por mim (portfólio). Mas há um currículo que não é o meu e que tenho de seguir na minha profissão de professora, o currículo educacional. E que definição dou a este currículo? Poderei dar a mesma definição? Olhando para o currículo educacional, nomeado Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais (CNEB-CE), vejo que este é um documento onde constam princípios orientadores sobre conhecimento, desenvolvimento social (raciocínio, comunicação e atitudes), e experiências de aprendizagem, os quais devem ser seguidos pelas escolas e profissionais da educação. Logo, posso concluir que currículo por si só pode ter mais de uma definição dependendo do contexto onde está inserido, contudo há conceitos em comum como o conhecimento e as experiências vividas. Ao ler o texto recomendado (Teorias do Currículo, de Tomaz Tadeu e Silva) fiquei ainda com a percepção que a definição de currículo não depende apenas do contexto em que se insere mas vai depender, também, da teoria que o descreve.
Fazendo uma análise do nosso currículo educacional actual tentei perceber qual das teorias do currículo poderá descreve-lo melhor. Será que este segue mais uma teoria tradicional ou uma teoria crítica ou pós-crítica? Na minha opinião aproxima-se sobretudo de uma teoria crítica ou pós-crítica mas contém ainda raízes de uma teoria tradicional.
Tenta explicar o “como” se deve ensinar (teoria tradicional) seguindo uma lógica de organização e desenvolvimento semelhante à de Tyler que procurava responder às questões dos objectivos, experiências oferecias, organização dessas experiências e confirmação da assimilação dos objectivos pretendidos. Isso é claro por uma breve leitura do CNEB-CE, o qual se encontra dividido em áreas disciplinares onde em cada uma delas descreve os objectivos a perseguir, descreve algumas experiências de aprendizagem a fim de desenvolver certas capacidades, estas experiências encontram-se organizadas por temas correspondentes aos diferentes níveis de escolarização dos alunos e claro refere ainda a avaliação como um processo, que apesar de complexo, é imprescindível para aferir a assimilação dos objectivos propostos.
Também procura justificar o “por quê” ensinar determinados conteúdos (teoria crítica). No início de cada capítulo do CNEB-CE, referentes a uma área disciplinar específica, são expostos os objectivos seguidos sempre de uma justificação do “por que” os devemos ensinar/aprender. Por exemplo na área das ciências Físicas e Naturais é possível ler-se após serem enumeradas razão da importância do estuda das ciências: “Atendendo às razões expostas, advoga-se o ensino da Ciência como fundamental” (pág.169). Mas ao mesmo tempo o currículo nacional segue cada vez mais o ponto de vista de Bernstein que se centrava menos naquilo que é transmitido e mais na forma como é transmitido. Penso que ainda em função dessa perspectiva dá um certo ênfase a uma flexibilidade curricular característica da teoria de William Pinar a qual renovou o significado epistemológico da palavra curriculum para o verbo currere, ou seja, passou de “pista de corrida” para “percorrer a pista”. Pinar encara o currículo como uma actividade que não se limita à nossa vida escolar mas à nossa vida inteira. Isso está bem patente no CNEB-CE onde pode ler-se: “A mudança tecnológica acelerada e a globalização do mercado exigem indivíduos com educação abrangente em diversas áreas, que demonstrem flexibilidade, capacidade de comunicação, e uma capacidade de aprender ao longo da vida.” (pág.169). Esta flexibilidade nota-se sobretudo na gestão curricular a qual é integrada num projecto educativo de cada escola. No documento onde estão presentes as Orientações Curriculares para o 3º ciclo do Ensino Básico criado em 2001 pelo Departamento da Educação Básica de Lisboa (o qual foi criado na sequência do CNEB-CE), essa ênfase é bastante clara quando afirma: “A autonomia pedagógica nomeadamente através da elaboração de projectos educativos é também condição de flexibilização curricular, para que os professores ajam mais como produtores do que como consumidores de currículo(…)”. Este papel do professor está de acordo com a de um outro teórico chamado Henry Giroux. Giroux salientava sobretudo a importância da escola e do currículo como espaços de “esfera pública”, isto é, locais de discussão e participação de pressupostos de senso comum e social onde era dada “voz” aos alunos que tinham aí um espaço para serem ouvidos e considerados – embora não seja descrito de modo claro esta “esfera pública” está presente nas experiências de aprendizagem propostas –, salientava também a importância do papel do professor não apenas como um técnico mas como um “intelectual transformador”. O currículo nacional também tem uma preocupação com o vínculo entre reprodução cultural e social característica da teoria de Michael Apple (teorias pós-críticas). Nota-se essa preocupação no CNEB-CE onde se afirma “…há uma disparidade crescente entre a educação nas nossas escolas e as necessidades e interesses dos alunos.”(pág.169). Mas penso que o nosso currículo está a reagir bem ao problema ao dar autonomia às escolas e aos professores para o ajustarem ao seu contexto social e cultural – muito importante na sociedade onde vivemos com toda a sua multiculturalidade.
Penso que temos um currículo bem construído mas que ainda pode melhorar. Por exemplo, devia olhar um pouco melhor a perspectiva de William Pinar e fazer uma análise da área de formação docente. Estará esta de acordo com o currículo actual? Isto é, estarão os nossos professores preparados para ter tanta autonomia? E deveremos seguir de forma autónoma para a implementação das TIC no currículo? Deixo para reflectirem…